O desânimo é uma luta constante. Qual profissional de vendas não teve um dia que a vida parecia estar indo mal? Estamos acostumados com expectativas altas, e por isso, quando nem tudo está conforme planejamos, acabamos nos sentindo frustrados. Aí, vem o desânimo.

Aprendemos desde pequenos a nos observar com muita crítica e isso nos tornou pessoas muito severas consigo mesmas. Uma das coisas que tenho aprendido em dias de desânimo é direcionar o olhar não apenas para fatos concretos construídos em nossa mente, mas saber realizar o exercício de substituir as lentes que nos fazem enxergar apenas aquilo nos desmotiva.

Veja bem, não trata-se de mascarar realidades ou maquiar problemas, tão pouco fingir que nada de ruim acontece, mas sim de revisitar momentos ruins com um pouco mais de olhar simpático e positivo.

Pare de alimentar o olhar viciado em vitimismo

Acreditamos que o mundo é exatamente como nós aprendermos a interpretá-lo, no entanto, para nossa surpresa podemos descobrir que existe um abismo enorme entre aquilo que vemos com aquilo que é real.

Você já dirigiu em uma rodovia ou na cidade confiando em um mapa do celular e, de repente, acabou se vendo em um lugar que não queria estar? É exatamente isso que nossa mente parece fazer durante um momento de desânimo.

Os pensamentos são guiados por um mapa mental do desânimo que não necessariamente representa a realidade completa daquela situação, mas nos força a pensar que estamos arruinados.

Alimentar a mente de outras perspectivas é mais do que comprar livros de autoajuda, frequentar palestras motivacionais ou buscar amigos para ouvir que tudo ficará bem.

Em toda situação complicada devemos trocar as perguntas. É sempre saudável diante de um imbróglio não se perguntar o “porquê” de alguma coisa acontecer, mas sim o”para quê” esta coisa está acontecendo.

Entende como é diferente? Quando tentamos apenas encontrar respostas em realidade inacessíveis deixamos de entender os próximos passos a serem tomados.

Perder uma venda, um cliente ou o próprio emprego pode nos fazer voltar-se para uma nova realidade. Precisamos enfrentar os danos, mas saber lidar de maneira corajosa com o vício de permanecer no lugar de vítima. É preciso reagir, mesmo sem saber como.

Aprender a reorganizar a linha de eventos a nosso favor

Todo momento de confusão nos dá a sensação imediata de que aquilo que estamos vivendo naquele momento tem uma duração atemporal e nos esquecemos de que a vida realmente muda numa frequência assustadora.

É justamente essa impressão que nos confunde e torna tudo maior do que parece. É como se no nosso olhar tivésse um borrão imperceptível que distorce nossa realidade.

Remoer desastres pessoais por muito tempo nos coloca para fora do presente. Ou nos empurra para um momento anterior do passado ou nos projeta nas consequências e na ansiedade do futuro. Se não aprendermos a olhar de maneira correta para os fatos, tendemos a não observar o presente com mais qualidade para novas oportunidades.

Aprender a narrar nossa própria história vai para além dessa bobagem toda que aprendemos com os gurus da vida ou em rodapé de best-seller de aeroporto.

Quando nós tomamos conta de que tudo que experimentamos no presente pode nos empurrar para um futuro, começamos a administrar os arrependimentos sem tentar encontrar culpas paralisantes.

Além disso, podemos projetar um planejamento, mesmo que seja apenas abstrações momentâneas. Aprender a olhar para problemas como oportunidades não é ignorar o mundo exterior real, é justamente ver o prejuízo como uma estaca inicial.

E quando o dia do desânimo chega?

Aqui está o desafio de um dia triste. Entender que qualquer que seja a satisfação plena que possamos experimentar, ela sempre tem sua raiz no sacrifício anterior.

No entanto, estamos realmente apegados à história que contamos para nós mesmos diante de um fracasso, diante do que projetamos ser, que isso nos causa ansiedade e medo antecipado. Com isso, nos esquecemos de que o mundo a nossa frente não está fechado como um roteiro definitivo.

O olhar de quem está desanimado precisa mudar. Há dois caminhos: o de encarar o olhar de simplicidade das suas impressões ou buscar uma beleza outra que te arranque do lugar-comum.

O que isso tem a ver com venda?

Bem, ou você fica lamentando o que perde diariamente, ou você usa isso para acordar amanhã e tentar fazer do novo dia de trabalho, uma nova oportunidade aproveitada ou perdida. O segredo está sempre nos pequenos recomeços.

Qualquer falta de satisfação que experimentamos na vida nasce dessa situação difícil: Estamos tão apegados a uma história interior imaginada sobre quem somos, causando ansiedade e medo, que nos esquecemos de que o mundo à nossa frente não é de todo ditado.

Lembro-me de um conselho que recebi certa vez:

"Só aquelas pessoas que olham para o presente são felizes. No presente, não tem fim total, não tem morte paralisante, não tem acontecimentos irreversíveis. A eternidade não está no futuro, mas no presente construído agora.”

O desânimo é razão para repensar. Sempre.