Ser promovido ou entrar num cargo de chefia pode ser uma das mais empolgantes experiências, no entanto, juntamente com este reconhecimento, vem um monte de novas responsabilidades, afazeres, preocupações e obrigações.

Tenho encontrado dois fenômenos interessantes acontecendo recentemente: Jovens ocupando cada vez mais cedo cargos de confiança e de alta gestão e cada vez é mais raro vermos aquele tipo de profissional que seguia uma carreira de décadas na mesma empresa.

Vivemos uma cultura corporativa bastante precoce e rotativa. Por mais imprescindíveis que sejam as pessoas sempre será possível substituí-las por outras. O dinamismo e a rotatividade não só entre profissionais de companhias do mesmo ramo, mas também uma constante dança das cadeiras entre setores de uma mesma empresa têm sido cada vez mais comum.

Essas mudanças acabam exigindo daqueles que recebem um novo desafio profissional a capacidade de assumir um novo tipo de liderança eficiente, atenta e focada em gerir pessoas com perfis e habilidades distintas, além de terem que conquistar suas equipes cada vez mais exigentes e adotar novas posturas inovadoras dentro das empresas.

Gestão de vendas

Para que isso tudo seja saudável, é preciso discutirmos alguns cuidados importantes:

Aquele velho dilema da relação chefe-amigo

O grande desafio que muitos enfrentam diante de um cenário de assumir novos postos é saber exatamente até que ponto devem envolver-se com seus subalternos e como lidar com eles diante dessa novo modo de hierarquia no dia-dia.

Por mais que você possa ter sido promovido, e acredite que entende tudo sobre as responsabilidades incumbidas de cada um, você precisará aproximar-se da sua nova equipe e também ter em mente que ao mudar sua posição, você pode não ser mais visto da mesma maneira por colegas.

Eu já tive chefes que literalmente não gostavam nem de dar seu número pessoal para evitar contatos e outros que acabaram abrindo suas próprias casas para aquele churrasco informal. É uma questão de perfil mesmo.

No geral, acredito mesmo que é importante desenvolver uma certa amizade e aprender a valorizar uma relação de confiança, mas o grande cuidado reside justamente na hora de separar um relacionamento particular para um ambiente profissional.

O seu novo esforço é criar uma maturidade na sua equipe de gerar neles uma aproximação verdadeira, mas sem que haja uma confusão de papéis. Entenda que ser amigo de chefe é diferente de ter um chefe amigo.

Procure observar bem o que acontece ao redor

Uma vez presenciei um gerente que havia acabado de ser demitido dizer na reunião final: “Vocês precisam abrir os olhos. Do ar condicionado do seu escritório, fica bastante difícil ver o que rola no chão da fábrica.”

Quando digo que você precisa observar mais sua equipe, isso não quer dizer que precisa ser um controlador. Basta aprender a ler sua equipe e poderá conhecê-la. Observe tudo que está ao seu redor. Isso te fará notar mais detalhes sobre como funciona o dia-dia do seu novo setor e te dará um novo olhar de como agir corretamente com cada pessoa.

É importante saber qual é o padrão de comunicação que cada um tem, é preciso sim gerar identificação. Seja capaz de distinguir perfis, descubra as qualidades de cada um e aprenda a valer-se dos otimistas, gerar valor no prestativo, ter cuidado com o risco, bonificar o trabalhador, lidar bem com o disposto e por aí vai.

Tenha sempre um canal de aproximação, gere responsabilidades e os faça sentir acolhidos verdadeiramente. Se você conseguir captar cada perfil, é mais provável que a sua avaliação perante sua equipe melhore e tenha resultados de engajamento maiores. Realmente trabalhe de porta aberta, sem que isso seja apenas um clichê, esteja aberto a entendê-los.

Conheça o trabalho e as prioridades do seu time

Há alguns anos, recebi um e-mail de um diretor financeiro com todas as informações de salário dos funcionários por engano. Fingi que nem vi para não gerar constrangimento, depois recebi um outro pedindo para eu desconsiderasse porque havia me confundido com outra pessoa do time. Como reparar este dano?

Estamos sempre cansados de chefes que não entendem como funciona os processos e funções, não dominam o fluxograma e nem sequer sabem o que cada um faz dentro da equipe. Por incrível que pareça, isso existe muito.

Se você tem um cargo de liderança, você tem a obrigação de saber exatamente o que cada um faz. Se você estiver atento, será muito mais capaz de delegar demandas, de acompanhar projetos longos, de gerenciar cada membro. Tenha sempre em mente que quanto mais conhecer do trabalho de cada um, mais você saberá o quanto cada um pode contribuir nos novos projetos.

É importante saber exatamente como é o desempenho de cada membro, saber não só o que são responsáveis por fazer, mas como fazem o que lhe é atribuído. Além de lhe dar a noção ideal do todo, poderá aproveitar melhor seu time. Não deixe as coisas subentendidas, se for necessário pergunte.

Saber o que cada um faz te aproximará ainda mais dá chance de ser empático. Se você é o responsável por uma equipe, precisa saber o que é importante para eles para que tome as decisões necessárias. Você precisa conhecê-los mais.

Aprenda a motivar quem o rodeia da maneira certa

Já participei de ações de motivação internas que tinham como estratégia criar um ambiente nada natural para simular uma experiência bacana aos funcionários. Lembro que todos reclamavam que estas interações do RH eram completamente constrangedoras.

Se você vai liderar uma equipe, é óbvio que vai precisar motivar pessoas. Lembre-se que motivar tem a ver com reconhecimento. Todos gostamos de saber quando fazemos uma ação bem realizada. A motivação é um processo importante para mover equipes.

Não falo de tapinhas nas costas, mas verdadeiramente reconhecimentos concretos. Se é para manter o time motivado, descubra o que realmente é importante para eles. Dê um jeito de premiar equipes com aquilo que é importante para elas. Evite os reconhecimentos genéricos, eles são normalmente mais fracos.

Uma forma eficiente de motivar equipes é também manter-se motivado. Tenha certeza que por estar na liderança, muitos estão lhe espelhando e sentem quando o desânimo abate o líder. Automaticamente, todos os demais membros são afetados. O que te motiva? Transmita a eles e faça um bom trabalho juntos nesse sentido.

O que é mais importante?

Além de tudo isso que conversamos acima, acredito que a palavra do momento é empatia.

Seja capaz de projetar-se na sua equipe, de tentar entender realmente em que situação ela encontra-se, em buscar uma identificação verdadeira, se ele te ver como alguém que realmente o entenda, dificilmente permanecerá na hostilidade frente a sua liderança.

O que mais você indicaria para ter uma liderança empática?