Eu sei. Às vezes, a vida é foda, irmão. O dia após dia de um vendedor é uma constante surpresa. E isso tem te deixado louco, né? Talvez o que esteja te matando não seja o seu trabalho em si, mas a relação que você tem com ele.

Talvez este texto caia na sua mão em plena segunda-feira e só de pensar no que vai rolar na sua semana já está com um medo danado de enfrentá-la. Se for meio de semana, você provavelmente já está rezando para o final de semana chegar bem depressa.

Aprendi que a quantidade de vezes que pensamos sobre o nosso final de semana pode indicar proporcionalmente o quanto não estamos bem com aquilo que fazemos da vida.

Sobre essa coisa de estar sempre ocupado

Acho que boa parte de todo esse cansaço que estamos sofrendo vem da percepção de que precisamos sempre estar preocupado com o quanto estamos ocupados. Não temos tempo para pensar o que estamos fazendo com a nossa vida. Você deve ter notado que há uma diferença entre estar ocupado, ficar sobrecarregado ou permanecer completamente perdido.

Eu sei que você já teve por diversas vezes a impressão de que ser vendedor é uma profissão ingrata demais com a gente. A verdade é que nos disseram muitas meias-verdades sobre este universo e a gente fez questão de acreditar.

Não preciso levantar muitos argumentos para notarmos que estamos vivendo uma era de extrema exaustão e fadiga. As atividades do dia-dia se multiplicam e o tempo parece ter reduzido pela metade.

Quem centralizou este assunto foi o filósofo alemão Byung-Chul Han em seu livro “Müdigkeitsgesellschaft“ traduzido em português para “A sociedade do cansaço”. Han é um conhecido professor da Universidade das Artes de Berlim e também um dos filósofos contemporâneos mais lidos na Alemanha.

O autor defende durante todo o livro que precisamos aprender a lidar melhor com a maneira que temos usado o nosso tempo. Ele traz a importância de ter um tempo livre de descanso. Isso não quer dizer simplesmente uma pequena pausa para depois retomar. Ele se refere realmente um tempo bom para mudarmos os nossos padrões de pensamento. É literalmente, ter um tempo livre para realizar atividades que curtimos.

Claro que falar sobre desligar-se diante de um mundo performático é realmente um absurdo para muitas pessoas, mas o que quero aqui é fazer uma provocação paratirar um tempo fazer absolutamente nada “produtivo”.

Sobre a felicidade não percebida

Vamos com calma. Aprendi recentemente que felicidade é um termo que precisa estar em constantemente aperfeiçoamento dentro da nossa mentalidade. A felicidade muda conforme a gente vai mudando.

Quando éramos crianças não nos preocupávamos em como era o rosto da felicidade e talvez seja por isso que temos a impressão de que fomos realmente felizes neste período. Conheço gente que é feliz só pelo fato de poder desempenhar uma função capaz de ajudar pessoas a resolver seus problemas e dificuldades. É possível ser feliz no simples imperceptível.

Quando aprendendo mais sobre como podemos desenvolver um trabalho significativo para o nosso mercado vamos juntamente com isso aprendendo mais sobre a nossa vida, sobre nós mesmo e as pessoas.

A ideia é que enquanto tivermos por aí vendendo produtos e serviços, estamos também servindo para algo importante é o que nos torna felizes. A felicidade está em sentir-se útil, em encontrar o seu lugar e respeitar pequenas coisas que a vida oferta. Quando aprendemos sobre o que deixa as pessoas satisfeitas, sobre como podemos resolver problemas reais de outros é que caminhamos para uma percepção de felicidade palpável.

Ter sempre em mente “O que posso fazer pelo outro hoje?” nos coloca diante da felicidade. Esta pergunta mudou a maneira com que me relacionava com o trabalho, por exemplo.

Perceba. Enquanto corro contra o tempo para escrever estas linhas, tento trazer a você uma série de possibilidades para lidar com esta dificuldade. Este é meu trabalho. Isso é muito mais que ter um emprego, ou estar ocupado durante o expediente, isso me faz ter uma missão: Te mostrar que ainda é possível ser útil.

É por isso que acredito profundamente, que devemos estar comprometidos em ocupar nosso tempo com aquilo que nos traz uma recompensa existencial. O nosso trabalho deveria ser uma luta constante contra o vazio recorrente.

Sobre estar sempre sobrecarregado

De modo geral, a maioria das pessoas sentem-se sobrecarregadas. Isso acontece porque temos dado realmente muita importância para tarefas totalmente coadjuvantes. Andamos sempre distraídos sem tempo para pensar sobre como devemos priorizar as tarefas de maneira mais produtiva, vivemos uma vida de maneira hiperconectada e estamos sempre com a impressão de que não podemos perder ou deixar nada ir embora. Isso acontece porque precisamos cuidar melhor da nossa organização e da nossa capacidade de escolher tarefas de maneira inteligente.

No universo das vendas isso é bastante comum. É bastante provável que estejamos estressados, apressados ou esgotados porque cobramos de nós mesmos uma performance que nos exige estar sempre lotados de afazeres.

Uma vida totalmente atarefada nos empurra para a sensação de que devemos estar totalmente presente em todos os momentos, vivendo tudo que conseguirmos. Usamos, inclusive, nosso tempo livre para rearranjar tarefas de maneira ineficaz. A vida não tem intervalos para a maioria de nós.

É claro que com uma vida extremamente turbulenta não nos reste tempo para viver uma vida mais saudável, não consigamos permanecer gratos com o que conquistamos, e por consequência, temos dificuldade em encontrar alegria real, em apreciar bons momentos e experimentar conexões de um modo profundo.

Sobre o valor do tempo investido em algo

Um amigo contou-me a história que foi visitar seu irmão porque ele havia comprado uma casa enorme depois de muito esforço e muitos anos de trabalho como advogado de uma empresa importante.

Durante o jantar, o irmão ia contando para todos na mesa o quanto tinha sido duro conquistar aquilo. Meu amigo perguntou para ele qual teria sido o custo daquela casa. O irmão, todo orgulhoso, encheu a boca de zeros para dizer o tanto que pagou.

Uma outra pessoas mais idosa da família o interrompeu e disse: “Errado!”. Tratou de ir dizendo que o que lhe custou na realidade foi não só aquela quantidade impressionante de dinheiro, mas aquela vez que teve que ir a Miami às pressas enquanto seu primeiro filho nascera, aqueles dias que perdeu de jogar bola com seus amigos porque tinha algo para resolver no escritório, outras tantas vezes que deixou a esposa dormir sozinha na cama enorme porque ainda precisava terminar o relatório de supervisão de vendas até de madrugada.

O nosso problema maior é que gostamos de anunciar para os quatro cantos que estamos sempre ocupados. Há um glamour em encher agendas, mas um desprezo pela consciência produtiva.

Como lutar contra essa mentalidade ocupada do vendedor?

Não é possível sempre manter um equilíbrio entre ocupação e tranquilidade. Tem dias em que precisamos realmente de mais que 24 horas. No entanto, quero te convidar a pensar mais sobre isso na sua vida.

Se é inevitável ficar quieto…

  • Que tal reservar, por exemplo, uma hora do dia com o foco completo em apenas uma coisa que realmente interessa a você na vida e desligar-se totalmente de todas as distrações em torno de você?
  • Que tal aproveitar um trecho do seu dia para anotar em um papel as coisas que tem pensado em realizar e encontrar maneiras de realizá-las ao invés de simplesmente entrar para um fluxo comum influenciado por outros.
  • Que tal reservar um tempo e criando ou produzindo algo que realmente acredite que vale a penas desenvolver fora do seu próprio trabalho como escrever, desenhar, pintar, tocar um instrumento, fazer uma prato para cozinhar?
  • Que tal trabalhar melhor suas relações ou destinar um tempo especial para amigos e familiares?
  • Que tal investir realmente sua realidade em áreas da sua vida que precisa melhorar?
  • Que tal gerenciar de maneira inteligente as tarefas do dia-dia?

Apesar disso, não esqueça que você precisa encontrar um momento para ficar sem ocupação, permitir-se ver o dia passar sem se preocupar que você não fez mais nada. Você não precisa chutar o balde, apenas precisa aprender a viver de maneira mais leve dentro das suas possibilidades.