Eu tenho o que pode ser considerado um bom “branding pessoal“.
Escrevo para um dos mais populares sites do país, tenho uma história e realizações que condizem com meu discurso.
Ao longo dos últimos 8 anos recebi milhares de emails, milhões de visualizações e um mar de curtidas e convites para participar de eventos e projetos. Fui inclusive jurado de um concurso literário. Também palestrei com o popular Mário Sérgio Cortella e escrevi para algumas das maiores empresas do mundo.
Mas tudo isso é besteira.
Existe uma lição que quase ninguém conta nesse universo de internet, mas que precisa ficar bem explicita:
Likes e comentários não pagam contas.
Mesmo com todo esse background, quando tentei levantar meu próprio negócio entendi o problema desse pensamento.
Depois de três anos de muito sufoco, abri o site de vagas e precisei arrumar um emprego tradicional para conseguir pagar minhas contas e dívidas que até hoje tenho que honrar.
É muito difícil convencer as pessoas que te admiram a tirar dinheiro do bolso e dar pra você. O mecanismo funciona bem diferente do que a moda do Personal Branding faz parecer.
Seus seguidores podem te achar incrível e acompanhar todos os seus passos, mas isso não significa que serão convertidos em vendas no futuro.
É por isso que num ambiente como o LinkedIn, onde tudo o que vemos é marketing pessoal, os produtos mais vendidos acabam sendo cursos de como fazer posts com alcance maior. Um grande mercado ensinando a utilizar fotos para melhorar engajamento e guias de como escrever um perfil mais atrativo.
O grande erro nessa ideia de que todo mundo deve ser uma marca, está na ordem que as coisas são feitas.
Um dos princípios básicos do marketing moderno é que, se as leads não possuem qualidade, fica muito difícil aumentar a taxa de conversão. Boas leads são bem qualificadas.
Não tem santo que faça uma lead ruim passar o cartão.
Ao investir uma enorme quantidade de tempo produzindo conteúdo e interações online para promover sua imagem, a maioria das pessoas acaba perdendo tempo e energia fundamentais para fazer o que realmente importa: levantar seu negócio, construir um produto ou simplesmente o próprio trabalho.
É bem similar ao problema das discussões online que falei em outro texto aqui no blog do Moskit.. Antes de construir um marketing pessoal, é preciso ter algo sólido para entregar.
Não é o oposto.
É importante deixar claro que o objetivo não é desmerecer o trabalho das pessoas que trabalham com Marketing ou até mesmo os que são especialistas em Personal Branding. A inversão de objetivos está na preocupação prematura em parecer bem sucedido ou construir uma narrativa pública.
Mas a triste verdade é que ninguém se importa com você. Ninguém se importa com sua reunião de ontem, para as lições que aprendeu no último filme dos X-Men ou como você conseguiu seu emprego novo.
Nenhuma empresa vai te contratar por ter textos motivacionais no Linkedin. O que conta na prática é seu histórico profissional, seus testes e sua entrevista. Menos ainda, alguém vai comprar um produto só porque você posta fotos sorrindo com mensagens encorajadoras segunda-feira pela manhã.
A maior parte dos profissionais altamente qualificados não tem tempo para esse show de redes sociais. Seu histórico e seu trabalho falam por si só. A maioria das empresas que estão aumentando seu faturamento não tem um CEO postando lições de moral, ele tem coisas mais importantes para fazer.
E eu sei que você deve estar pensando em um monte de cases de sucesso neste momento. Mas enquanto pensa, considere uma coisa. O Branding Pessoal surgiu antes ou depois de já existir um negócio sólido?
Antes de querer fazer barulho, pense antes em investir no trabalho de base.
Poucas coisas são mais frágeis do que gente fazendo barulho sem algo verdadeiro para oferecer.