Você lembra do momento exato em que decidiu entrar para o universo das vendas? Foi uma necessidade que apareceu na sua vida? Uma percepção de que teria um dom natural para convencer pessoas e as influenciar? Foi uma decisão racional ou a vida acabou levando para isso?

Difícil responder de maneira genérica, até porque cada vendedor nasce de um contexto diferenciado, mas o fato é por dado momento você teve que perguntar-se se vender é ou não uma das suas vocações.

O que essa pergunta revela?

Antes de propor uma resposta, gostaria de investigar o que está por trás da própria pergunta. Essa questão pode revelar uma grande ansiedade para validar competência e eficiência dentro de determinadas habilidades.

É claro que cada vendedor por um fracasso ou outro já deve ter colocado a prova suas habilidades. No entanto, creio que obter essas respostas não tem só a ver com resultados, mas sim com uma percepção de desafios que ele tem.

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Conheço bastante vendedores, sendo dois deles, os meus próprios pais. Todas as vezes que os vejo conversando sobre este assunto, eu posso perceber que o que mais move eles em direção do ofício da venda não gira em torno da chancela de vendedor, mas a capacidade de lançar-se a desafio de maneira constante é que e a chave.

O vendedor é o cara viciado em desafios muito mais que qualquer outro profissional. Não importa se ele começou nisso porque tinha que honrar um compromisso financeiro ou se apenas precisava de uma ocupação, se ele não teve essa característica fundamental, ele não se sustentará dentro dessa realidade.

Qual é a razão desta pergunta então, é simplesmente acreditar mais numa validação que na capacidade de aprendizado. Se este for o caso, é melhor repensar.

A predisposição ao desconhecido

O quanto você é capaz de enfrentar situações das quais você não conhece? No teatro, existe um conceito muito interessante que chama-se predisposição ao desconhecido, isto é, há um exercício que o professor faz com os alunos que trabalha este conceito. Vamos a ele.

O professor simplesmente pensa num papel a ser desempenhado por um dos atores, mas não conta para ninguém nenhum detalhe sobre ele. Então, pede para que alguém se voluntarie para fazê-lor. A interpretação pode ser sobre qualquer coisa. A ideia é justamente colocar-se a disposição de uma realidade desconhecida e trabalhar essa capacidade da coragem criativa.

Quando fiquei sabendo disso, automaticamente, associei ao universo de vendas. Embora, haja um escopo, hoje já seja capaz prever algumas dores, atitudes e ansiedades do seu cliente, vender é, no fundo, estar diante de um mundo infinito de possibilidades, sentimentos e desejos de pessoas.

O bom vendedor é este cara que justamente aprende a criar formas inovadoras e criativas de atingir a expectativa de um cliente. Para isso, obviamente, precisará sair do seu lugar-comum e experimentar realidades diferentes.

Acredito piamente que vender fala mais do quanto somos capazes de mergulhar no universo do nosso cliente e trazer para ele realidades que ele mesmo ainda talvez não tenha enxergado do que necessariamente com cumprir um roteiro de vendas clássico, chato e maçante. O vendedor tem que ser criativo e um propositor de soluções.

Como saber se sou um bom vendedor?

Os mais clássicos dirão que todo mundo em dado momento vende alguma coisa. Estamos vendendo a nossa imagem, a nossa carreira, a nossa aparência, as nossas competências e até a nossa força de trabalho. E quem pensa dessa maneira não está errado.

Uma das maiores dúvidas é como saber se posso entrar no universo de vendas ou não. Venho de uma família de dois vendedores. Cresci ouvindo meus pais negociarem, contarem histórias das suas realidades cotidianas, sendo cordiais com pessoas, atendendo e resolvendo problemas dos mais diversos possíveis.

No entanto, mesmo tendo exímios comerciantes na rotina, não foi o suficiente para transformar nem eu e nem meus irmãos em excelentes vendedores, pelo contrário, acabamos indo para áreas distintas do universo cotidiano da venda.

A verdade é que no mundo das vendas, não depende apenas de técnicas aprendidas ou de ter uma habilidade diferenciada que o coloca em vantagem em relação às outras pessoas.

Como saber se nascemos para ser vendedores? Não importa a resposta, trata-se apenas de saber que existem milhares de definições diferentes do que talento significa e de quem está autorizado a determinar quem tem e quem não tem.

Acredito que mais do que ficar tentando validar isso com métricas é entender se você é capaz de transmitir ideias com a sensibilidade de chegar a pessoas, ter uma clareza de transformar valores de pessoas em produtos e ser capaz de correr seja quanto for, você tem as habilidades mais importantes para dizer ser bom vendedor. Mesmo que ainda não seja hoje, você pode ter ajuda de quem manja.