Não gosto muito de como as coisas estão acontecendo no mercado brasileiro. É sério, algumas atitudes estão longe de serem saudáveis, mas seguem sendo encorajadas aos montes.

O Brasil, infelizmente, sempre teve a mania de herdar ideias e comportamentos desenvolvidos nos Estados Unidos. A corrida empreendedora, o sonho do sucesso e essa pressa para ser bem sucedido é um exemplo clássico que explodiu no Brasil nos últimos anos.

Olhando nossa rede social de trabalho favorita podemos identificar este comportamento de longe. Independente da composição da sua timeline, é fácil encontrar uma serie de sinais demonstrando que a relação com o trabalho que está sendo estimulada já passou dos limites.

A parte ruim de beber essa influência dos empresários norte-americanos é que as informações chegam um pouco atrasadas. Enquanto por lá eles já estão aprendendo o que deu errado, por aqui estamos começando a insistir nos erros dos outros.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos já entendeu que cometeram um grande engano. Desenvolvendo um modelo predatório que extraía dos trabalhadores mais do que poderiam recompensar. Criaram uma geração de trabalhadores desgastados, que se afastaram do trabalho e das atividades que tanto gostavam por conta das demandas excessivas e da crença de que trabalhar 80 horas por semana era a receita para o sucesso.

Enquanto por aqui vemos empresários que criticam funcionários que gostam de sustentar seus hobbies, se divertir no final de semana e gostam de uma boa sexta feira, por lá as grandes publicações estão com foco firme no desgaste profissional.

Só este ano na Harvard Business Review, uma das mais influentes publicações de negócios do mercado, já aprendemos que desgaste pode ser um sinal para abandonar seu emprego, 1 em cada 5 profissionais engajados correm risco de cair em síndrome de burnout, e que é parte do papel da empresa proteger seus funcionários do desgaste excessivo.

Colaboração sem excessos é um assunto quase recorrente em qualquer publicação relacionada à negócios lá no Vale do Silício.

Mas no meio do furacão e de tanta pressão por produzir mais, como é possível reconhecer um ambiente de trabalho saudável?

A 37signals, agora conhecida pelo nome do seu principal produto, Basecamp, está lançando um novo livro que aborda exatamente este problema, a construção de um ambiente de trabalho menos tóxico e mais produtivo.

A Basecamp é conhecida pela produção de conteúdo de alta qualidade, incluindo livros influentes no mercado como Rework e Remote.

O livro ainda está em pré-venda, mas o texto de introdução e alguns detalhes da capa já nos ajudam a refletir um pouco sobre o que podemos esperar de um bom lugar para trabalhar.

O desenho na parte de trás da capa é didático:

Como fazer uma empresa calma:

  • 8 horas por dia
  • 40 horas por semana
  • Tempo suficiente para mim mesmo
  • Dias com ritmo calmo
  • Sem pressa
  • Prazos realistas
  • Sem reações babacas
  • Tempo para repensar
  • Boas noites de sono
  • Ampla autonomia
  • Trabalhar de qualquer lugar

Apenas observando esses elementos, podemos olhar para dentro da empresa que estamos construindo ou ajudando a construir e pensar se estamos fazendo um bom trabalho. Devemos refletir se o ambiente que está sendo criado é respeitoso com todos aqueles que diariamente se dedicam pelos resultados.

O livro ainda está para sair, mas já chega com o impacto suficiente para nos ajudar a produzir empresas melhores. Caso contrário, vamos seguir sem aprender com os erros alheios, reproduzindo com atraso uma série de comportamentos nocivos.