O Google mais uma vez surpreendeu o mundo com a inteligência artificial. No seu evento para desenvolvedores na semana passada, anunciou muitas novidades tecnológicas realmente capazes de impactar o cotidiano.

A surpresa maior foi realizar uma demonstração impressionante. Tratou-se de uma ligação telefônica capaz de reservar um corte de cabelo. Até aí, tudo normal, exceto por uma diferença: O atendente não era um ser humano, mas sim um assistente com inteligência artificial que, por meio de perguntas, fez um excelente atendimento com grande realismo.

A Inteligência Artificial foi capaz de lidar com uma série de mal-entendidos durante a apresentação toda apesar de ter que repetir muitas informações.  Se você não acredita,veja com seus próprios olhos.

Mesmo sendo uma tecnologia em testes, ainda sem data para lançamento, foi suficiente para deixar as pessoas que acompanhavam a demonstração realmente surpresas.

Além disso, gerou uma quantidade enorme de questionamentos, desafios éticos e sociais sobre o impacto desse avanço na imprensa e entre os especialistas. Sem dúvida, a tecnologia apresentada caminha para uma realidade muito mais promissora.

De qualquer forma, o avanço é realmente impressionante e promete repensar a maneira com que o robô possa impactar a realidade. Além de ter uma boa interação com o usuário e ser capaz de entender o que está sendo dito de uma forma bem clara, muita gente acabou se perguntando: Será que um dia uma tecnologia como essa poderá conduzir uma transação comercial simples?

O medo de ser substituídos por robôs

Sempre que se fala sobre esta questão, normalmente, existem os dois polos extremos. Algumas acreditam que não teremos como fugir mais de uma substituição massiva das máquinas pelas pessoas. Outros, mais céticos, acreditam que não tem a mínima chance de entrarmos nessa realidade tão cedo.

Bem, para falar sobre o assunto, é claro que precisamos considerar o impacto real num futuro próximo na maneira de ser vendedor, mas não sei se realmente acredito na extinção total do universo dos vendedores.

Obviamente, este tipo de tecnologia será exponencialmente melhor dentre alguns anos e terá um desenvolvimento interessante e cada vez mais rápido, mas ela ainda está longe de ter habilidades múltiplas como de seres humanos. Pelo menos esta é a realidade que sabemos hoje. Por enquanto, ainda podemos ficar tranquilos quanto a função, mas sempre atentos as novidades que surgem.

Por mais que toda tecnologia de inteligência artificial tenha a capacidade de síntese de comandos, de otimização de execuções e informações e poder alcançar uma velocidade muito superior do que um cérebro humano em determinadas tarefas, ainda assim, temos um problema quanto falamos de eficiência e eficácia, por exemplo.

Embora um robô possa apresentar muito mais eficiência, ainda não é tão eficaz para produzir determinados resultados. Humanos ainda são necessários para diversos modos de intervenções comerciais. Para agendar uma consulta, talvez a tecnologia seja ótima, mas para resolver complicações como adaptações ou encaixes, a velha e prática secretária ainda faz melhor. Para faturar uma venda, a tecnologia é imprescindível, mas para atender um cliente furioso do outro lado da linha, somente um atendente.

Podemos até imaginar um mundo ideal onde as máquinas sejam capazes de tabular e organizar dados com maior precisão, mas elas jamais transmitem a confiança de uma conversa humanizada. O poder de negociação, convencimento, argumentação, ainda é papel para a mente humana. Ainda.

Uma máquina é capaz de correlacionar dados com uma informação de maneira precisa, mas ainda não é suficiente para reconhecer a linguagem ou a complexidade das palavras de uma pessoa em todas as suas entonações e variações. A máquina não está preparada para reconhecer ironia, por exemplo.

A tecnologia pode, com muita facilidade, ajudar a sincronizar informações de uma venda e apresentar relatórios incríveis com detalhes de transação complexos, mas ainda não é capaz de reconhecer as razões pelas quais alguém pode estar fraudando um resultado e reparar estes danos. No mercado financeiro, máquinas podem operar mercados de maneira autômatas, mas não serão responsáveis criminalmente caso algo saia do normal. Entende?

Algoritmos já estão circulando por toda internet em forma de linhas de códigos mudando completamente a maneira como olhamos para o cotidiano, para o mundo e impacta realmente a maneira como podemos perceber a realidade, mas não tem por si só a capacidade de gerar novas ideias complexas, de gerir pessoas com facilidade, de buscar novidades no trato com o cliente. Isso tudo, ainda é uma característica que pertence aos seres humanos.

As máquinas e o bem-estar

Esta discussão é tão séria que uma das coisas que foram apresentadas pelo Google no evento para desenvolvedores, foi um pacote que pareceu ser uma preocupação da empresa para que, ao menos um pouco, evitarmos o vício nos dispositivos móveis. A exemplo, a nova versão do sistema dos seus smartphones apresentado, o Android P.

Dentre as diversas novidades, a empresa falou sobre – o que chamaram de – Bem Estar Digital. A novidade é uma ferramenta que informam quantas vezes você abre um aplicativo, quantas notificações determinadas você vê ou quantas horas gasta em frente ao aparelho de maneira nativa. Você pode ver tanto de maneira geral como por app. Isso, claro facilita muito a vida de quem quer reduzir o tempo num app específico.

Entre outras novidades, tem também a função que pode determinar a suspensão depois de alcançar um limite de uso que o usuário escolhe. Parece radical, mas isso melhora a atenção. Outras função como virar a tela de cabeça para baixo, por exemplo, silenciam tremidas, toques e luzes. Você poderá escolher pessoas em uma lista de contatos para que ligações sejam autorizadas neste modo ou não.

Enfim, isso sinaliza que até mesmo a empresa sabe que é preciso priorizar o experiência de usuários em meio a um monte de mudanças tecnológicas. Seres humanos e tecnologias precisaram saber lidar um com o outro.

O que é fundamental saber nesta discussão?

Precisamos ter em mente a seguinte ideia: A capacidade de imitar um ser humano não é o mesmo que ser um humano.

É bastante possível que suas próximas compras sejam originárias de um algoritmo que foi projetado para explorar seus dados e apresentar produtos compatíveis com seu gosto, bolso ou afinidade, no entanto, é bem mais provável que você tenha mais confiança em um vendedor pessoal do que em um computador na hora da decisão. Ainda estamos longe de máquinas substituírem seres humano pelo simples fato de que ainda existem coisas que são exclusivas de humanos.

A tecnologia ainda não sabe com precisão quando alguém tem medo, sente-se triste, desconfiado e não consegue atender ainda com muita atenção em determinados casos. Para alguns tipos de compras, ela provavelmente é uma boa opção, mas para compras complexas ainda tenho a impressão que temos muito mais credibilidade. No mercado de imóveis, é comum você realizar buscas por toda internet, mas nada substitui a visita com o corretor  ao imóvel. É isso que que traz a decisão final.

O que difere ainda o ser humano é capacidade de sentir a alegria, dor, esperança ou pavor, que ainda são ótimas ferramentas para vender. Você pode ter um equipamento ideal para diagnosticar um câncer em tempo real, mas você não pode ter um médico acalmando o paciente enquanto a família segura sua mão. Mesmo quando a tecnologia é uma novidade e extremamente útil. Nada será mais humano que o próprio humano.

A tecnologia é uma ferramenta que, sem dúvida, auxilia nas vendas, impacta os resultados, pode auxiliar a gerir equipes, mas sempre terá um dedo humano por de trás. A tecnologia é uma aliada, não é nosso concorrente.